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    Anticoncepcional: o que você precisa saber antes de começar a tomar

    29 nov. 2021

    Anticoncepcional: o que você precisa saber antes de começar a tomar

    A pílula anticoncepcional causou uma revolução no que se pensava sobre a sexualidade até o século passado, sabia? Em 1960, quando ela foi lançada nos EUA, o sexo ainda era tratado apenas como meio de reprodução (ao menos abertamente). Mas com um método eficaz de contracepção, as pessoas — especialmente as mulheres — começaram a poder se entregar ao sexo puramente por prazer, sem se preocupar com uma gravidez não planejada.

    O anticoncepcional teve sua época de glória com o avanço dos movimentos hippie, feminista e estudantil, já que deu liberdade e autonomia pra muita gente. Agora, mesmo que tenha sido peça-chave na emancipação sexual feminina, um ponto importante a pensar é sobre os efeitos colaterais desse tipo medicação.

    As pílulas de hoje já são bem diferentes das primeiras formulações, com dosagens hormonais mais baixas, mas ainda podem apresentar algumas reações e riscos. Então, pra tomar uma decisão tranquila, é preciso estar bem-informada e ter uma opinião médica antes de usar um anticoncepcional. Vamos saber mais sobre isso?

    O que é o anticoncepcional?

    A pílula anticoncepcional é um medicamento utilizado para fazer o controle de natalidade. Com dosagens combinadas dos hormônios estrogênio e progesterona, a pílula inibe a ovulação e altera a viscosidade do muco cervical. Isso o torna mais espesso, o que dificulta a passagem dos espermatozoides. É assim que se evita a fecundação e, claro, a gestação.

    Os níveis hormonais das mulheres variam de acordo com as fases do ciclo menstrual, alternando em picos e declínios de estrogênio e progesterona. O anticoncepcional mantém o estrogênio a um nível suficientemente alto pra enganar o corpo: é como se a mulher estivesse vivendo uma gestação. Assim, não pode engravidar.

    Em outras simples palavras, quem toma anticoncepcional não ovula nem tem período fértil. Além de impedir a gravidez, a pílula pode ser recomendada em consulta médica para agir no controle da acne e da endometriose.

    Aqui já vale chamar a atenção para uma coisinha: se você não toma pílula e faz sexo sem penetração, é preciso ter em mente que existe, sim, um risco de engravidar, ok? Fique de olho!

    Minipílula

    A minipílula é o anticoncepcional sem estrogênio, composta apenas por progesterona. Essa é uma alternativa para contornar os riscos de trombose e problemas cardiovasculares, que estão associados aos níveis elevados de estrogênio1.

    Quais efeitos a pílula anticoncepcional pode causar no corpo?

    Está pensando em começar a tomar o anticoncepcional? Então, veja só os efeitos que o medicamento pode causar no corpo.

    Aumento de peso

    Um dos efeitos que muitas mulheres percebem com o uso do anticoncepcional é o aumento do peso. Mas um estudo publicado em 2017 diz que não há indícios de que a pílula esteja ligada a isso2. O mais provável é que o aumento do peso corporal esteja associado à retenção de líquido, que causa inchaço principalmente nas pernas.

    Para contornar esse problema, o ideal é praticar exercícios físicos com regularidade e ter uma alimentação saudável. Além disso, vale tomar muita água e chás ao longo do dia, pois eles dão aquela ajudinha para o sistema urinário.

    Alteração no fluxo menstrual

    A pílula costuma reduzir tanto a quantidade quanto a duração do sangramento na época da menstruação, e uma das vantagens de tomar o anticoncepcional é justamente controlar o ciclo menstrual, podendo emendar ciclos ou ajustar para uma data que você ache conveniente.

    Porém, os medicamentos com baixas dosagens hormonais podem causar o conhecido spotting, que é o escape leve de sangue que acontece fora do ciclo menstrual. Se isso acontecer, muitas vezes não é necessário parar de tomar a pílula, pois o corpo tende a se adaptar. Mas é importante procurar um médico para entender se é necessário trocar por uma pílula com outra dosagem de hormônio.

    Dor de cabeça e náuseas

    Os anticoncepcionais podem causar dores de cabeça e náuseas no início, até que o organismo se acostume com os novos níveis hormonais. O normal é que esses efeitos sumam logo, mas se persistirem por mais de 3 meses, daí é hora de fazer uma consulta médica para trocar de medicamento.

    Por outro lado, se você tiver dores de cabeça e outros sintomas relacionadas à TPM, o uso contínuo da pílula pode aliviar esses incômodos. Isso porque a flutuação natural de estrogênio e progesterona pode desencadear enxaquecas.

    Surgimento de espinhas e manchas na pele

    É comum que a pílula seja recomendada para controlar a acne, ainda mais no início da adolescência, época em que as espinhas vêm com tudo. Só que para as mulheres que tomam a minipílula, às vezes acontece das espinhas serem mais frequentes, sabia? É que essa versão do produto, à base de progesterona, pode aumentar a oleosidade da pele.

    Outra questão para ficar ligada é que o uso contínuo da pílula, em alguns casos, favorece o aumento ou a formação de melasmas, que são manchas escuras na pele. A questão é que a pílula pode ativar os hormônios da melanização.

    Alterações de humor

    Os hormônios têm um papel bem importante na regulação das emoções e do humor de qualquer pessoa, e quem toma anticoncepcional pode apresentar alterações de humor de forma mais intensa. Um artigo publicado em 20163, inclusive, sugere a associação entre o uso de contraceptivos hormonais e a depressão.

    Redução da libido

    Como explicamos lá no início do artigo, quem toma anticoncepcional não ovula e, se não há a liberação de um óvulo maduro, também não tem o período fértil. Além disso, o uso da pílula também diminui o nível de testosterona no organismo, e tudo isso junto pode causar a diminuição da libido.

    Nesse caso, o melhor é procurar atendimento médico para checar se é necessário trocar de medicamento para ajustar os níveis hormonais ou usar outra forma de contracepção. Além disso, saber de algumas dicas de masturbação é bem útil para não deixar o erotismo e o desejo diminuírem.

    O seu uso previne contra ISTs?

    A pílula anticoncepcional traz vantagens e desvantagens, tudo depende de como o seu corpo reage a ela e do seu objetivo ao tomá-la. Para evitar uma gravidez, é um dos métodos mais eficazes.

    Mas atenção aqui: o anticoncepcional não previne contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)! Aliás, o único método contraceptivo que também protege contra ISTs é a camisinha.

    E digamos que você não se adapte ao anticoncepcional e resolva adotar um método contraceptivo de barreira que não tenha hormônios, como um DIU ou o diafragma, por exemplo. Nesse caso, você continuaria segura contra a gravidez, mas, assim como no caso da pílula, não estará prevenida contra as ISTs. Isso significa que tomando ou não a pílula, sexo sem caminha nem pensar!

    Muito bem, agora você já tem as principais informações sobre o anticoncepcional, mas consulte uma médica para esclarecer tudo tim tim por tim tim, ok? E lembre-se sempre de que o uso da pílula não dispensa o uso da camisinha!

    Que tal compartilhar o post para que mais gente saiba disso tudo também?

     

    Referência:

    1 Milena Bastos Brito, Contracepção hormonal e sistema cardiovascular, Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2011

    2 InformedHealth.org, Cologne, Germany: Institute for Quality and Efficiency in Health Care (IQWiG), 2006

    3 Chartlotte Wessel Skovlund et al., Association of Hormonal Contraception With Depression, JAMA Psychiatry, 2016